sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Retrospectiva 2009 e 2010

Desde que assistimos a palestra da Soraia decidimos pela imigração, em outubro de 2009, me sinto em um processo em que lentamente vou passando daqui para lá. No começo era apenas uma idéia maluca, fruto de outras experiências.

No final de 2009 vimos as possibilidades de curso de francês para o ano seguinte e o plano original incluía a minha viagem a Montreal para fazer um curso de imersão de três semanas no início de 2010. Houve uma reviravolta naquela época e a minha viagem acabou não ocorrendo. Naquela época os planos ainda eram vagos, apenas uma possibilidade que poderia facilmente ser descartada.

No primeiro semestre de 2010 fomos estudar francês. Nesta etapa o comprometimento ficou maior pois havia muito dinheiro e esforço envolvidos. Tínhamos nos colocado a obrigação de solicitar o CSQ.

Em setembro postei o pedido dos CSQ. Havia o esforço de juntar um milhão de documentos e o pagamento das taxas. Foi um momento de alívio, por ter alcançado os requisitos para a solicitação, e também de apreensão, pois as entrenagens começaram oficialmente a rodar.

Em novembro fizemos a entrevista para obtenção do CSQ. Este dia virou o "ponto de não retorno". Desde então estamos na luta para obtenção dos documentos para a etapa federal. A sensação agora é que cada dia que passa é um dia de atraso. Antes de postar o pedido do CSQ cada dia que passava era um dia de preparação.

Eu sei de pessoas que já tinham os documentos para o processo federal prontos no dia da entrevista do CSQ e que foram em seguida ao consulado entregar o pedido federal. Para mim, naquela época providenciar os documentos para o processo federal era tirar o foco e o esforço que eu estava pondo no pedido do CSQ, e eu não me arrependo da decisão. Eu tinha que estudar francês, traduzir meu currículo, procurar vagas de emprego para levar na entrevista, etc.

Devemos conseguir os documentos no início de janeiro. Estes dois meses gastos nesta fase me doem muito, mas não adianta chorar sobre o leite derramado.

Espero que em 31/12/2011 eu escreva a retrospectiva de como tudo deu certo. Eu não acho que eu já tenha recebido o visto até lá, mas espero pelo menos ter feito os exames médicos.

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Etapa federal - Documentos

Já faz um mês que temos o CSQ e ainda não conseguimos os documentos para a etapa federal. São apenas três documentos (para cada). Teoricamente deveria ser fácil: Dois deles podem ser obtidos via Internet e para o outro é necessário ir a uma repartição pública. Ironicamente falta apenas um dos que podem ser solicitados on-line mas o site sempre dá erro.

sábado, 20 de novembro de 2010

Etapa federal - Documentos traduzidos para solicitação de visto?

Ainda não enviamos a solicitação de visto. A minha dúvida é se os documentos precisam sofrer tradução juramentada. As instruções específicas do consulado de São Paulo (em inglês e francês) dizem que sim, mas esta página não cita nada. Pela minha pesquisa, parece que há pessoas que fizeram e outras que não.

Atualmente a minha tendência é não traduzir. Acho que o máximo que pode acontecer é o consulado pedir a tradução e atrasar o processo.

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

L'argent

Hoje estou com a cabeça mais fria. A regulagem do post anterior que estava no 10 agora está no máximo no 2.

Tenho que aproveitar as boas coisas que o trabalho me dá: O dinheiro, que é bom, e as oportunidades de adquirir mais experiência. Como no Canadá não vou poder ficar escolhendo emprego é bom aprender a fazer mais coisas. Aprender novas coisas no ambiente de trabalho, além de ser bem visto,  possibilita discutir idéias com outras pessoas.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Um grande problema no trabalho

Há um tempo atrás assisti um seriado chamado "Flash Forward". Quase todas as pessoas da terra tiveram uma visão de um mesmo instante no futuro, um dia em cerca de seis meses. Então todos passaram a viver em função deste futuro e passaram a não ligar muito para o presente.

De certa forma eu também me sinto assim: À espera de um futuro em outro país, congelando todos os demais planos.

Hoje meu grande problema é trabalhar. Todos os dias penso "Pelo o quê estou lutando?", "Vale a pena sofrer por isso?". Luto furiosamente para não me entregar e não a deixar a seguinte situação ocorrer:


A verdade é que a frustração no meu emprego atual é um dos motivos que me levam a imigrar. Agora que a imigração está cada vez mais real, sempre que eu fico sabendo de um problema que pode ocorrer no futuro eu faço a conta para saber se ainda estarei na empresa. É um modo meio covarde de ver o mundo.

Se você tivesse filhos, o que você faria se soubesse que só tem mais nove meses de vida? Estou desde agora preparando as pessoas da minha equipe para viverem sem mim. O pior é que isso é o que eu sempre deveria ter feito: Ajudado as pessoas a crescer. Mas a falta de recursos, os prazos apertados e as demais pressões nos levam a ter uma visão míope das coisas.

sábado, 13 de novembro de 2010

Entrevista para obtenção do CSQ

Lisbela (minha cara-metade) e eu fizemos a entrevista de avaliação para obtenção do Certificat de sélection du Québec no escritório de São Paulo. Não adianta chegar muito cedo (mais de meia hora) que você não vai poder subir ao escritório de imigração. A recepção do prédio não tem cadeiras ou algo que o valha, portanto espere de pé ou vá dar uma volta. Há um shopping a uns dois quarteirões de distância. Se você for de carro, há estacionamento no prédio mas esteja pronto para ser esfaqueado: Paguei R$22,00 por três horas. Se você deixar o carro no Shopping (e entrar na entrada certa ao invés dos caríssimos estacionamentos do WTC) acredito que gaste menos.

No escritório me identifiquei como requerente principal, a recepcionista nos comunicou que seríamos entrevistados pelo M. Daniel Leblanc e nos encaminhou para a mítica sala de espera. Nesta sala havia oito poltronas confortáveis, uma TV grande de tela plana passando algo que parecia o Cirque du Soleil, um bebedouro e diversos outros elementos que fugiram à minha percepção masculina do mundo.

Felizmente havia também outro coitado, com quem fui puxar conversa, mesmo eu sendo sociável como uma parede. Foi bem conversarmos com alguém pois ajudou a diminuir a enorme tensão e ajudou a passar o tempo. Chegamos meia hora antes do horário e fomos atendidos cerca de meia hora depois. Neste dia havia dois entrevistadores e entramos uns dois minutos depois que a pessoa com quem estávamos conversando entrou na sala da entrevistadora dele.

A carta de convocação para a entrevista contém uma lista de documentos que devem ser levados no dia e o entrevistador segue aproximadamente esta sequência. Portanto quando eu não entendia o que ele falava, olhava na "cola" para conseguir associar o som à palavra. No início as perguntas eram simples, pedindo os documentos da lista. O que achamos surpreendente foi ele pedir o CREA (ou algo assim) da minha mulher, felizmente ela estava com o documento. A questão que mais pegou foi o número total de anos estudados, que eu não conseguia entender de jeito nenhum. No final ele escreveu em um papel, de maneira bem didática algo como:

Primáire    =     ans
Secondáire=    ans
Université  =    ans
                 ____

Então entendi que o que ele queria era 8 + 3 + 4 = 15 anos.

No começo da entrevista ele tinha perguntado sobre nossos nomes e sobrenomes. Eu tinha lido um post de uma brasileira sugerindo colocar como sobrenome apenas o último nome pois ela tinha tido problemas com documentos depois no Canadá. Embora meu nome e o da minha senhora sejam algo como "Luís Collor Silva", ao invés de colocar "Collor Silva, Luís" coloquei "Silva, Luís Collor". M. Leblanc pediu esclarecimentos e explicamos quais partes eram os nomes de família.

Em algum ponto da entrevista ele perguntou "Do you speak english?" e me deixou falar um pouco de inglês. Ele perguntou porque eu tinha parado de estudar esta língua a alguns anos e eu disse que tinha chegado em um nível que não valia mais a pena estudar pois não teria aplicação aqui no Brasil.

De volta ao francês, ele perguntou se estávamos estudando francês e dissemos que sim.

Mais para o final ele perguntou o que eu iria fazer no Québec. Respondi a função que pretendo exercer e mostrei uma planilha Excel impressa com mais de vinte ofertas de emprego que tinha visto em dois sites de emprego. Além disso imprimi o conteúdo detalhado de umas cinco ofertas. Ele pegou uma delas e perguntou dos requisitos solicitados e eu disse que fazia aquilo a vários anos. Ele também pegou e olhou o Curriculum Vitae em francês que eu tinha deixado em cima da mesa. Senti que tinha valido a pena ficar até as três da manhã da noite anterior fazendo aquela tradução.

Depois ele conversou com a Lisbela sobre os planos dela. Como ela é formada em profissão regulamentada, disse que iria fazer o processo para complementar o "gap" existente para poder trabalhar na área. M. Leblanc sugeriu ela trabalhar em uma função correlata que não era regulamentada e anotou  o nome em um Post It para ela.

Durante toda a entrevista ele ia preenchendo um formulário no computador. Em um certo momento ele parou de fazer perguntas e ficou apenas preenchendo. Quando ouvi o barulho da impressora soube que estávamos aprovados. Nem me preocupei com o fato que ela estava sem papel (Murphy é forte e poderoso) e ele teve que colocar.

Ele nos deu o CSQ e pediu para conferirmos. Eu só conseguia pensar: "Deu certo!". Ele avisou que tinha corrigido os campos de nome e sobrenome. Após conferirmos, ele assinou e entregou duas vias de cada: Uma para mantermos e usarmos em Québec e outra para envio ao consulado para pedido do visto. Também recebemos informações impressas sobre a Francisacion en ligne (que só pode ser solicitada dois meses depois da emissão do CSQ), um site de empregos do governo que temos direito a acessar e um livrinho bem bonito de dicas para imigrantes, algo como uma agenda para planejamento de imigração. Após isso ele nos acompanhou até a porta da sala e se despediu.

A recepcionista já tinha ido embora. O manobrista da garagem tinha dito que poderíamos pedir um selo de estacionamento mas não tive chance de tentar.

Como assim?

Que nome de blog é esse? "Demandez Pour Sortir"?

O processo oficial de imigração para Québec começa com o pedido de certificado de seleção (Demande de certificat de sélection). Um processo de imigração implica, em seu final, na saída do Brasil. Como a língua oficial do Québec é francês, também nela é o nome do blog.

Além disso, é infame pra caramba.

Apresentação

Meu nome não é Johnny.

Este é mais um dos quatro milhões de blogs que existem sobre pessoas imigrando para a província de Québec no Canadá. Mas a vida aqui no Brasil ainda continua e não é interessante que patrões saibam deste provável futuro.

Este pseudônimo foi escolhido para tentar ajudar na paradoxal tarefa de publicar e interagir e, ao mesmo tempo, manter o anonimato. Simultaneamente ser e não ser. Eu sei que apenas esconder meu nome não me esconderá pois, assim como reconhecemos o vulto de uma pessoa querida na penumbra, o ato de escrever exibe o estilo, as histórias e a minha visão de mundo. Pelo menos estas características não são pesquisáveis no Google.