sexta-feira, 8 de abril de 2011

Depois que eu morrer vou ter tempo para pescar

O pensamento me veio à cabeça ao passar em frente de uma loja que tinha um quebra-cabeças na vitrine. Eu adoro montá-los mas já deve fazer uns três anos que não monto nenhum. O assunto aqui é deixar de fazer as coisas que se gosta por falta de tempo. O título do post deveria ser "Depois que eu morrer, vou ter tempo para montar quebra-cabeças", mas não ia causar o mesmo efeito.

Em inglês existe a expressão "quality time", que seria algo como "tempo bem aproveitado". É algo muito difícil de otimizar. Se pensarmos que tempo é um recurso igual a dinheiro, teríamos que para de gastar em bobagens e coisas supérfluas e comprar coisas mais importantes. Com dinheiro é mais fácil de fazer, pois, na dúvida, podemos optar por não comprar nada. Com o tempo, somos obrigados a decidir o que comprar o tempo todo, sem direito a hesitações. Compras boas ou ruins, temos que fazê-las pois o tempo não pára. Um agravante é que o nosso "orçamento" de tempo começa a ficar com gastos fixos cada vez maiores: Trabalho, estudo, etc. Além disso, criamos hábitos com os "supérfluos", como televisão e internet. No final das contas, o tempo que sobra acaba ficando limitado.

Com o processo de imigração eu sinto como se houvesse um relógio em contagem regressiva. Existe um conjunto de coisas grandes que preciso fazer antes de imigrar. Algumas são associadas ao processo em si, como diminuir minha vida para caber em 128 quilos, melhorar o conhecimento de francês e inglês, traduzir o currículo, postá-lo nos sites no Canadá, etc. Outras coisas são profissionais, como tirar certificações em certas tecnologias. Por último, também há coisas pessoais.

Um professor me disse que quando abraçamos as coisas, nossos dedos devem se entrelaçar. Se não entrelaçarem, as coisas eventualmente vão cair. Sabendo disso, temos que optar sobre o que não fazer. Às vezes a decisão é dolorosa, como não montar mais quebra-cabeças.