terça-feira, 31 de maio de 2011

2:30 para ser atendido na emergência do hospital

Não foi em Québec ou no SUS. Foi em um hospital na zona oeste de São Paulo.


Nunca tinha ido neste hospital antes. Não sei se foi azar, o tempo  frio, ou se é sempre assim. A sala de espera tinha uns cinquenta assentos. Na hora em que fui atendido tinham umas cem pessoas, o que significa que não tinham mais paredes e pilastras para as pessoas que estavam em pé encostarem. Com o tempo começou a ficar difícil andar entre as pessoas. Sinistro.

Este é um hospital particular e a unidade da zona oeste que é a "chique". Os planos de saúde mais simples não dão cobertura nele. Eu fui lá porque sou dependente no plano da Lisbela, que é bem melhor do que o meu.

Lá tem um sistema de triagem por cores: Vermelho para quem está literalmente morrendo, amarelo para quem não está morrendo por enquanto, azul para preferenciais (idosos e gestantes) e verde para quem não corre risco iminente. Como pode-se imaginar, désólé para os verdes.  Mas a moça com a pulseira amarela na cadeira de rodas na minha frente deve ter esperado cerca de uma hora.

P.S.: Agora estou bem. Apesar da espera, o hospital é bom.

15 minutos de fama

A última postagem teve um efeito colateral que eu não esperava:


Terceiro site na busca pelo artigo no Google! Tudo bem que só três sites trouxeram a "busca exata" :)

A Lisbela me falou que o meu blog tinha tido algumas dezenas de acessos desde ontem. Na hora, eu pensei: "O que não faz uma nova imagem de fundo!" (brincadeirinha... Coloquei ontem a imagem cedida pela Patinha). Quando fui ver as estatísticas de acesso é que vi que os acessos vinham do Google.

Eu sempre desejei que meu blog fosse "de nicho". Este contato com o "mainstream" é um pouco perigoso, mas na semana que vem estas palavras chaves terão afundado nas areias do esquecimento e a vida voltará ao normal.

segunda-feira, 30 de maio de 2011

O profissionalismo como religião

Este é o título da coluna de Cláudio de Moura Castro na revista Veja desta semana. O assunto é sobre profissionalismo e o nível de qualidade que os próprios profissionais exigem de seu trabalho.

Destaco os seguintes trechos:

"Aqueles países com forte tradição de profissionalismo disso se beneficiam vastamente. Nada de fiscalizar para ver se ficou benfeito. O fiscal severo e intransigente está de prontidão dentro do profissional."
...
"Não apenas não sabe fazer de qualquer jeito, mas sua felicidade se constrói na busca da excelência. Sociedades sem tradição de profissionalismo precisam de exércitos de tomadores de conta. (...) Sai benfeito  quando alguém espreita. Sai matado quando ninguém está olhando."

Esta coluna chamou muito a minha atenção pelos conceitos apresentados, principalmente o de "tomadores de conta". Eu percebi que a minha equipe precisa de um "tomador de conta" e que eu já fiz este papel no passado (hoje este papel está com outra pessoa). Este modelo acarreta uma série de problemas, como baixa qualidade, grande quantidade de correções, atraso nos projetos, e, em última instância, baixa qualidade das entregas para os clientes. A administração da empresa entende que todos estes pontos são compensados pelo "menor custo" da mão de obra.

O problema é que este é o ponto de vista de toda a indústria de software, não só de onde eu trabalho. Como software é algo abstrato, é difícil avaliar a qualidade do serviço. Fazendo uma metáfora, imagine que não haja montadoras de automóveis e que todos são feitos por encomenda aos mecânicos das oficinas. Você pode até olhar como ficou por fora e dar uma volta no carro, mas para saber se foi bem feito você precisa desmontá-lo peça por peça.

Na indústria de software "desmontar peça por peça" chama-se "revisão de código". Consiste da leitura por um "profissional experiente" de todo o código fonte gerado. Na prática, esta revisão raramente é feita pois é cara. O que se usa são "testes de caixa preta", que é o equivalente a olhar o carro e dar uma volta. O problema é que às vezes o teste é dar uma volta em um quarteirão plano sendo que o cliente vai fazer rallye. Existe um tipo de profissional chamado "Analista de testes", que define quais os testes que devem ser feitos. No Brasil, esta é uma profissão bastante desprestigiada, quase de "segunda linha". Eu nunca vi um analista de testes que ganhasse o mesmo que um analista de sistemas, embora o nível de qualificação requerida seja semelhante.

sábado, 28 de maio de 2011

Trancamento



Esta semana solicitei o trancamento de matrícula do meu curso. É uma grande ironia, pois agora que iam começar matérias mais aplicáveis ao meu dia-a-dia. Seja como for, no Canadá não vou ter essa mesma responsabilidade por um bom tempo, então é melhor focar em coisas mais práticas.

segunda-feira, 23 de maio de 2011

A indefectível marcha

Quando pedimos o visto, o prazo é tão longo que parece que não é com a gente. É como a aposentadoria, algo remoto no qual não pensamos muito.

Tic, tac, tic, tac.

Pelo andar da carruagem, o meu visto deve ser emitido no começo do próximo ano. Já estamos quase em junho e  ainda tem muita coisa para fazer.


Tic, tac, tic, tac.


O problema é que faz muita diferença se o visto sair em janeiro ou em julho. Estou fazendo um curso que acaba em setembro do ano que vem. O mais racional seria parar e aplicar meu tempo em algo mais prático, já que, a princípio, não vai dar tempo de terminar. Mas fica sempre o pensamento: "E se... (toc, toc, toc)"? Já vi que no próximo módulo vai ter uma matéria legal. Se eu largar agora vou morrer na praia?

Se o visto sair em janeiro, de jeito nenhum vou ficar aqui até setembro. Lá que é frio, mas é aqui que a minha vida está congelada.

Como se diz em inglês: "The clock stinking" (ou "The clock is ticking", sempre me confundo).

domingo, 15 de maio de 2011

Eu li...

"The Girl Who Played with Fire". No Brasil, "A Menina que Brincava com Fogo", em Francês, "A fille qui rêvait d'un bidon d'essence et d'une allumette". É o segundo livro da trilogia "Millenium".



Comparado com o livro anterior, possui uma narrativa bem mais ágil, encaixando-se bem como thriller policial.

O livro é sobre uma investigação de triplo assassinato. Nas estórias paralelas estão a publicação de um livro sobre tráfico de prostitutas infantis dos Bálcãs, a viagem da personagem principal para o Caribe, etc.

Um ponto bastante interessante é a explicação de eventos da infância e adolescência da personagem principal, que são apenas citados no primeiro livro.

Porém, fica um aviso: O livro não acaba. Um monte de assuntos não são concluídos, provavelmente sendo encerrados apenas no terceiro livro.

Eu gostei muito mais deste livro do que do primeiro.

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Na ponta da língua

Este post é sobre o original publicado no blog Whole Wide World

Ainda estou no Brasil, portanto minha visão pode estar equivocada. Aí vai:

Concordo que realmente é necessário ter conhecimento da língua. Porém, eu divido esta necessidade em dois grupos:
- Necessidade social: Pedir informações, fazer compras, etc. A que mais me assusta é acertar um contrato de aluguel;
- Necessidade profissional: Vocabulário necessário para a área que você vai trabalhar ou estudar;

Eu passo meus dias pensando: "Como se diz isso em francês?" e na maioria das vezes não sei a resposta, portanto sei que ainda não estou pronto. Pelo menos posso usar inglês como muleta.

Dominar uma língua é algo que leva muito tempo. Afinal, nóis num passô a vida intera aprendeno u portugueis? Eu não espero, a curto prazo, conseguir discutir política ou dar uma bronca em alguém.

Outro ponto que me preocupa e que não é possível aprender de antemão é a cultura corporativa: O que pode ou não ser dito para quem, padrões de vestuário, como se portar durante uma seleção, variações nos horários de trabalho, etc.

Quando eu penso em imigrantes, sempre penso nos bolivianos que moram aqui em São Paulo. É assim que eu me enxergo no exterior. Para qual tipo de emprego você empregaria um boliviano que não fale português? Ou que fale português muito mal? Esse sujeito vai conseguir emprego se estiver concorrendo com quem? E no caso de um boliviano que domine a língua: O quanto ele tem que ser melhor se ele estiver concorrendo com um brasileiro?

Conhecer a língua não é garantia de sucesso, mas não conhecer é garantia de fracasso. É a mesma coisa que o ensino formal: Quem estudou até o primário vai ser pedreiro e doméstica, quem terminou o primeiro grau vai fritar hamburguer, quem terminou o segundo grau pode ser auxiliar administrativo, etc. Em muitos casos, a pessoa não tem capacidade, oportunidade ou interesse em ser mais que isso.

Nos comentários do post alguém pergunta como uma pessoa está há anos no país e não aprende a língua. A mesma pergunta caberia ao pedreiro ou ao auxiliar administrativo. Talvez a vida esteja confortável o suficiente, ou a pessoa esteja "conformada". Talvez a pessoa não tenha como "investir" na língua. Existe um ditado que diz que "Quem trabalha não tem tempo para ganhar dinheiro". Eu acho que é comum quem trabalhar não ter tempo para ganhar conhecimento. Mesmo aqui, na minha área profissional, preciso estudar fora do expediente.

Você terá domínio da língua para ser o quê? Pedreiro ou engenheiro? Se a resposta for pedreiro, vá e seja pedreiro. Só não perca o foco do que você realmente quer.

domingo, 8 de maio de 2011

Dia das mães

Este é um dia das mães diferente para mim: É o primeiro desde o seu falecimento.

A minha mãe morreu algumas vezes. A primeira vez foi há alguns anos quando ela foi atropelada e ficou na UTI, pois havia pouca esperança de sobrevivência. Ela sobreviveu, ficou algumas semanas em coma mas retornou. Ou, dizendo melhor, alguém retornou. As sequelas tinham sido tão grandes que ela não tinha muita lembrança das coisas. Portanto, ela tinha morrido pela segunda vez, pois o corpo estava ali mas a mente deixava bastante a desejar. Depois disso, ela começou a se recuperar, tanto física quando cognitivamente: Chegou a andar amparada e falar algumas palavras. Esta fase de melhoria contínua durou alguns meses mas depois parou e começou a regredir. Então eu percebi que ela nunca mais iria se recuperar, e ela morreu pela terceira vez. Eu sempre achei que esta seria a mais dolorida.

Ela faleceu umas três horas depois que eu pus meu pedido de CSQ no correio. Eu achei que estaria preparado, mas a quarta vez foi a que mais doeu. Eu estava racionalmente preparado e consegui suportar bem o funeral. Minha mulher achou que eu fui insensível. A dor realmente bateu forte nas semanas e meses seguintes. Mas homem sofre em silêncio, não fala sobre o assunto. O pior foi quando eu sonhava com ela: No sonho ela estava bem, como antes do acidente, mas eu sabia que era sonho. Isso só piorava a saudade.

Alguns anos antes do acidente meu cunhado me disse para eu curtir meus pais, porque eles não durariam para sempre. Felizmente eu segui este conselho por vários anos e hoje não tenho nenhum arrepedimento.

domingo, 1 de maio de 2011

Pescando

Acabei sensibilizado pelo meu último post e aproveitei o feriadão da semana passada para montar um quebra-cabeça:

Foi um de 500 peças montado em uma noite, mas deu para matar um pouco da saudade.

Antes de casar eu costumava montar bastante. Afinal, eu não assistia muito TV e não tinha banda larga :). Este daqui é de um conjunto comprado há uns seis ou sete anos atrás. O tema de neve, muita neve, é uma certa coincidência com o projeto atual.