segunda-feira, 9 de maio de 2011

Na ponta da língua

Este post é sobre o original publicado no blog Whole Wide World

Ainda estou no Brasil, portanto minha visão pode estar equivocada. Aí vai:

Concordo que realmente é necessário ter conhecimento da língua. Porém, eu divido esta necessidade em dois grupos:
- Necessidade social: Pedir informações, fazer compras, etc. A que mais me assusta é acertar um contrato de aluguel;
- Necessidade profissional: Vocabulário necessário para a área que você vai trabalhar ou estudar;

Eu passo meus dias pensando: "Como se diz isso em francês?" e na maioria das vezes não sei a resposta, portanto sei que ainda não estou pronto. Pelo menos posso usar inglês como muleta.

Dominar uma língua é algo que leva muito tempo. Afinal, nóis num passô a vida intera aprendeno u portugueis? Eu não espero, a curto prazo, conseguir discutir política ou dar uma bronca em alguém.

Outro ponto que me preocupa e que não é possível aprender de antemão é a cultura corporativa: O que pode ou não ser dito para quem, padrões de vestuário, como se portar durante uma seleção, variações nos horários de trabalho, etc.

Quando eu penso em imigrantes, sempre penso nos bolivianos que moram aqui em São Paulo. É assim que eu me enxergo no exterior. Para qual tipo de emprego você empregaria um boliviano que não fale português? Ou que fale português muito mal? Esse sujeito vai conseguir emprego se estiver concorrendo com quem? E no caso de um boliviano que domine a língua: O quanto ele tem que ser melhor se ele estiver concorrendo com um brasileiro?

Conhecer a língua não é garantia de sucesso, mas não conhecer é garantia de fracasso. É a mesma coisa que o ensino formal: Quem estudou até o primário vai ser pedreiro e doméstica, quem terminou o primeiro grau vai fritar hamburguer, quem terminou o segundo grau pode ser auxiliar administrativo, etc. Em muitos casos, a pessoa não tem capacidade, oportunidade ou interesse em ser mais que isso.

Nos comentários do post alguém pergunta como uma pessoa está há anos no país e não aprende a língua. A mesma pergunta caberia ao pedreiro ou ao auxiliar administrativo. Talvez a vida esteja confortável o suficiente, ou a pessoa esteja "conformada". Talvez a pessoa não tenha como "investir" na língua. Existe um ditado que diz que "Quem trabalha não tem tempo para ganhar dinheiro". Eu acho que é comum quem trabalhar não ter tempo para ganhar conhecimento. Mesmo aqui, na minha área profissional, preciso estudar fora do expediente.

Você terá domínio da língua para ser o quê? Pedreiro ou engenheiro? Se a resposta for pedreiro, vá e seja pedreiro. Só não perca o foco do que você realmente quer.

Um comentário:

  1. Olá Johnny, obrigada pelo link! Seu post completou o meu perfeitamente... ;-)))
    Abraços

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